Esta página encontra-se em fase de construção. Através dela espero propiciar aos amantes da boa poesia, um espaço cultural agradável. No entanto, preciso de estímulos, por isso convido a tornar-se seguidor do meu Blogg.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

FERREIRA GULLAR


Nascido em 1930, no Maranhão, Ferreira Gullar é o pseudônimo de José Ribamar Ferreira. Além de poeta, é crítico de arte, biógrafo, tradutor, argumentista de teatro e televisão, memorialista e ensaísta brasileiro.
Morando no Rio de Janeiro, participou do movimento da poesia concreta, tornando-se um dos poetas mais inovadores.

Em 1956 participou da exposição concretista que é considerada o marco oficial do início da poesia concreta, tendo se afastado desta em 1959, criando, junto com Lígia Clark e Hélio Oiticica, o neoconcretismo, que valorizava a expressão e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo. Posteriormente, ainda no início dos anos de 1960, se afastará deste grupo e passou a produzir uma poesia engajada.

Vencedor por duas vezes do Prêmio Jabuti (1999 e 2007), Gullar foi ainda indicado ao Nobel em 2002 e, mm 15 de outubro de 2010, foi contemplado com o título de Doutor Honoris Causa, na Faculdade de Letras da UFRJ.



TRADUZIR-SE


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar


SUBVERSIVA

A poesia
Quando chega
Não respeita nada.

Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos

Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha

Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.

E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.

E promete incendiar o país.

Ferreira Gullar




NO CORPO

De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares

O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente.

Ferreira Gullar

Nenhum comentário:

Postar um comentário